Questões de conservação preventiva debatidas na Conferência Internacional de Madrid de 1934 e sua influência no projeto de ampliação do Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa (1935-1945)

  • Clara Moura Soares Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. ARTIS – Instituto de História da Arte Alameda da Universidade
Palavras-chave: International Museums Office, História da Conservação Preventiva, Museografia moderna, Museu-Palácio, Museu Nacional de Arte Antiga, José de Figueiredo, Guilherme Rebelo de Andrade

Resumo

A Conferência Internacional de Museus que teve lugar em Madrid, em 1934, representou um marco decisivo na afirmação do museu moderno desejado para o século XX. Ali se trataram, pela voz dos mais conceituados especialistas internacionais, múltiplas problemáticas relacionadas com a museografia e com a arquitetura de museus. Neste estudo, colocamos o enfoque nas questões ligadas ao âmbito da conservação preventiva, cujo termo apenas seria formalmente estabelecido, em 1978, por Garry Thomson. Integrar a Conferência de Madrid na perspetiva histórica da conservação preventiva é um dos contributos deste trabalho, bem como avaliar, através de documentação arquivística, os seus efeitos sobre o projeto de ampliação do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, então em elaboração. Instalado num palácio seiscentista, o histórico museu que o seu diretor desejava moderno, tornou-se num importante caso de estudo para a museologia, museografia e arquitetura museal da época, com repercussões internacionais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

Clara Moura Soares, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. ARTIS – Instituto de História da Arte Alameda da Universidade

Clara Moura Soares é Professora Auxiliar com Agregação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigadora integrada do ARTIS - Instituto de História da Arte da mesma Faculdade, onde coordena o grupo de investigação Patrimonium. Licenciou-se em História, Variante de História da Arte (1996), na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde também obteve o grau de Mestre em Arte, Património e Restauro (1999). Doutorou-se em História, especialidade de História da Arte (2006), na mesma faculdade, com a tese As Intervenções Oitocentistas do Mosteiro de Santa Maria de Belém: o Sítio, a História e a Prática Arquitetónica.
Faz parte da equipa de investigação do seguinte projeto: os Mármores da Anticlinal no Alentejo - 2.000 Anos de Memória e Património (2019-2021), financiado pelo FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional). É co-coordenadora do projeto Orion – Coleções de Arte e Colecionadores em Portugal, UID/EAT/04189/2016, financiado pela FCT.
Tem desenvolvido investigação e orientado dissertações de mestrado, teses de doutoramento e pós-doutoramentos em diversos domínios das Ciências do Património, nomeadamente, da sua gestão, do inventário, do colecionismo e da história e teoria do restauro.
É autora e co-autora de 10 livros e de 65 artigos publicados em revistas científicas e em atas de eventos científicos.
É subdiretora e editora geral da Revista eletrónica ARTis ON http://artison.letras.ulisboa.pt/index.php/ao

Referências

AA.VV. (1935). Muséographie. Architecture et aménagement des Musées d’Art. Conférence internationale d’études, Madrid, 1934, 2 vols.. S.l.: IMO.

AA.VV (1931). “Conclusions adopted by the International Conference for the Study of Scientific Methods for the examination and Preservation of Works of Art. Rome, October 13th to 17th, 1930”, Mouseion – Révue Internationale de Muséographie, 13-14: 162-172.

ALVES, A.N. (2015). “150 anos de História da Conservação Preventiva em Portugal – Academia de Belas Artes de Lisboa”. Em IX Jornadas de Arte e Ciência UCP / V Jornadas da ARP, Porto: CITAR - Escola das Artes da Universidade Católica do Porto/ Associação Portuguesa de Conservadores Restauradores de Portugal, 317-328. Disponível em: https://artes.porto.ucp.pt/sites/default/files/files/artes/CITAR/IX_JORNADAS_ARTE_CIENCIA_V_JORNADAS_ARP.pdf [consulta: 16/01/2021]

BAIÃO, J. (2012). “A ‘revolução’ de Figueiredo. Museologia e Investigação em Portugal (1911-1937)”. Em Historia de las Colecciones, Historia de los Museos, Series de investigación Iberoamericana en Museología, Año 3, vol. 6. Asensio, M.., Lira S., Asenjo, E. & Castro, E. (eds.), Madrid: Universidad Autónoma de Madrid, 55-63. Disponível em: https://issuu.com/_publicacion/docs/vol_6_historia_de_las_colecciones__historia_de_los [consulta: 15/01/2021]

BAIÃO, J. (2015). Museus, arte e património em Portugal: José de Figueiredo (1871-1937). Casal de Cambra: Caleidoscópio.

BAZTÁN LACASA, C. (2016).“Acondicionamento de Museos. Salas de Exposiciones y Espacios accesibles al Público. Servicios e Instalaciones”. Em La Conferencia de Museos de 1934, en perspectiva, Herrero Delavenay, A. e Sanz Díaz, C. (ed.). Madrid: Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, 225-237.

BERMEO-LEMA, J.C. (2020). “Medidas de conservación preventiva empleadas para el transporte de obras de arte y materiales pictóricos en el comercio artístico entre Sevilla y Tierra Firme durante el siglo XVI”, Ge-Conservación, 18: 148-163. https://doi.org/10.37558/gec.v18i1.764

BRANDI, C. (2006). Teoria do Restauro. Lisboa: Edições Orion. (1ª ed. Teoria del Restauro. Turim: Piccola Biblioteca Einaudi,1963).

CASANOVAS, L.E. (2008). Conservação Preventiva e Preservação das Obras de Arte. Lisboa: Edições Inapa/SCML.

CALVO, A. (1997). Conservación y restauración. Materiales, técnicas y procedimientos de la A a la Z. Barcelona: Ediciones del Serbal.

CARDINALI, M. (2013). “Il pensiero critico e le ricerche tecniche sulle opere d’arte a partire dalla Conferenza di Roma del 1930”. Em Snodi di critica: Musei, mostre, restauro e diagnostica artistica in Italia, 1930– 1940, Catalano, M.I. (ed.), Rome: Gangemi: 107–149.

COSTA, S.V. (2009). O país a régua e esquadro: urbanismo, arquitectura e memória na obra pública de Duarte Pacheco. Lisboa: s.n..

COUTO, J. (1957). “A pintura representada no Museu das Janelas Verdes e o critério da sua apresentação na galeria: a Escola Portuguesa”, Boletim do Museu Nacional de Arte Antiga (BMNAA), III, 3: 1-21. Disponível em: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/BoletimdoMuseuNacionaldeArteAntiga/BoletimdoMuseuNacionaldeArteAntiga.htm [consulta: 19/02/2021]

COUTO, J. (1952). “Aspectos actuais do problema do tratamento das pinturas”, BMNAA, II, 3: 3-23. Disponível em: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/BoletimdoMuseuNacionaldeArteAntiga/BoletimdoMuseuNacionaldeArteAntiga.htm [consulta: 19/02/2021]

COUTO, J. (1950). “Justificação do arranjo de um museu”. BMNAA, II, 1: 1-22. Disponível em: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/BoletimdoMuseuNacionaldeArteAntiga/BoletimdoMuseuNacionaldeArteAntiga.htm [consulta: 10/05/2021]

COUTO, J. (1948) “A acção dos Físicos e dos Químicos nos Laboratórios dos Museus de Arte”, Gazeta de Física, I, 6: 161-167. Disponível em: https://www.spf.pt/magazines/GFIS/46 [consulta: 04/03/2021].

CRUZ, A.J. (2010). “O início da radiografia de obras de arte em Portugal e a relação entre a radiografia, a conservação e a política”, Conservar Património, 11: 13–32. https://doi.org/10.14568/cp11_2

DAVEY, N. (1957). “The Conservation of Antiquities and Works of Art: Treatment, Repair, and Restoration. By H. J. Plenderleith. London: Oxford University Press, 1956”. Em The Antiquaries Journal, 37(3-4), 230-231.https://doi.org/10.1017/S0003581500081622

FREIRE, L. (2007). “Elementos para um relatorio acerca do tratamento da pintura antiga em Portugal segundo notas tomadas no periodo da execução desses trabalhos”, Conservar Património 5: 9–65. https://doi.org/10.14568/cp5_3

GARCÍA BÁSCON, A.J. (2017). La Conferencia de Madrid sobre Arquitectura y Acondicionamento de Museos de Arte, Tesis doctoral. Granada: Universidad de Granada. Disponível em: https://hera.ugr.es/tesisugr/26768227.pdf [consulta: 06/01/2021].

GIOVANNONI, G. (1934). “Les édifices anciens et la muséographie moderne”, Mouseion, 25–26, I–II : 17–23.

GÓMEZ GONZÁLEZ M. e DE TAPOL, Benôit (2009). “Medio siglo de Conservación Preventiva. Entrevista a Gaël de Guichen. Revista Ge-Conservación 0, 35-44. https://doi.org/10.37558/gec.v0i0.62

HERRERO DELAVENAY, A. e SANZ DÍAZ, C. (ed.) (2018). La Conferencia de Museos de 1934, en perspectiva. Madrid: Real Academia de Bellas Artes de San Fernando.

HERRERO DELAVENAY, A. e SANZ DÍAZ, C. (2015). “La sede de la Conferencia Internacional de Museos de 1934”. Em Boletín de la Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, 116, 223-231. Disponível em: https://www.realacademiabellasartessanfernando.com/es/archivo-biblioteca/publicaciones/boletin. [consulta: 26/06/2021].

HERRERO DELAVENAY, A. e SANZ DÍAZ, C. (2014). “La Conferencia Internacional de Museos de 1934. Protagonistas de su organización y desarrollo”. Em RdM, Revista de Museología: Asociación Española de Museólogos, 59, 80-89.

JAMIN, J.-B. (2014). La Conférence de Madrid (1934). origines et fortune de la muséographie moderne, Mémoire Master, Université Paris III Sorbonne Nouvelle. Disponível em: https://pt.slideshare.net/JeanBaptisteJAMIN/mmoire-master-ii-la-conference-de-madrid-1934-origines-et-fortune-de-la-museographie-moderne [consulta: 06/01/2021].

LAYUNO ROSAS, M. A. (2014). “Hacia una nueva museografía: La Conferencia Internacional de Museos de Madrid de 1934”. Em Boletín de la Institución Libre de Enseñanza, 95-96 (2014), 143-167.

MACEDO, M. (1885). Restauração de quadros e gravuras. Lisboa/Rio de Janeiro: David Corazzi, Lda.

MANAÇAS, V. (1991). Museu Nacional de Arte Antiga: uma leitura da sua história 1911-1962. 3 vols., Dissertação de Mestrado, Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Disponível em: https://run.unl.pt/handle/10362/20036 [consulta: 10/01/2021].

MARTINS, H. (2014). O Museu Nacional de Arte Antiga, o edifício e a sua história: contributos para um projeto de comunicação. Trabalho de Projeto de Mestrado em Museologia, 2 vols. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Disponível em: https://run.unl.pt/handle/10362/14697 [consulta: 10/01/2021.

MOYA, L. (1934). “Notas sobre iluminación natural en los museos de pintura”, Revista Española de Arte, 3: 3-19. Disponível em: http://oa.upm.es/38120/1/1934_notasiluminacionmuseos_luismoya_opt.pdf. [consulta: 08/05/2021]

MUÑOZ COSME, A. (2018). “La máquina de exponer. La Arquitectura de Museos en el Período de Entreguerras”. Em La Conferencia de Museos de 1934, en perspectiva, Herrero Delavenay, A. e Sanz Díaz, C. (ed.). Madrid: Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, 93-112.

MUÑOZ COSME, A. (2007). Los espacios de la mirada. Historia de la arquitectura de museos. Gijón: Ediciones Trea.

PÉQUIGNOT, A. (2016) “La pinacologie de Fernando Perez et l’Institut Mainini : quand la science de la conservation s’implante au musée”, Cahiers des Amériques latines, 83: 133–150. https://doi.org/10.4000/cal.4475

PERRET, A. (1929).“Le Musée moderne”, Mouseion, 9: 225-235

PONCELET, F. (2008).“Regards actuels sur la muséographie d’entre-deux-guerres”, CeROArt, 2. https://doi.org/10.4000/ceroart.565

SOARES, C.M., NETO, M.J., RODRIGUES, R.M. (2015).“A constituição dos primeiros museus em Portugal, no século XIX, e a consciência dos princípios de conservação preventiva”. Em IX Jornadas de Arte e Ciência UCP / V Jornadas da ARP, Porto: CITAR - Escola das Artes da Universidade Católica do Porto/ Associação Portuguesa de Conservadores Restauradores de Portugal, 299-315. Disponível em: https://artes.porto.ucp.pt/sites/default/files/files/artes/CITAR/IX_JORNADAS_ARTE_CIENCIA_V_JORNADAS_ARP.pdf [consulta: 03/05/2021]

SOARES, C.M, RODRIGUES, R.M., CRUZ, A.J., REGO, C. (2012).”Conservação e destruição de pinturas dos conventos extintos em Portugal durante o século XIX”, ECR - Estudos de Conservação e Restauro, 4: 231-248. Disponível em: https://revistas.ucp.pt/index.php/ecr/issue/view/489

STANIFORTH, S. (ed.) (2013). Historical Perspectives on Preventive Conservation. Los Angeles: The Getty Conservation Institute.

THOMSON, G. (1978).The museum environment. London: Ed. Butterworths.

Publicado
2021-09-22
Como Citar
Moura Soares, C. (2021). Questões de conservação preventiva debatidas na Conferência Internacional de Madrid de 1934 e sua influência no projeto de ampliação do Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa (1935-1945). Ge-Conservacion, 20(1), 16-28. https://doi.org/10.37558/gec.v20i1.987
Secção
Artículos