Esquecer, para não lembrar: o patrimônio negro invisibilizado no centro legalmente protegido da Laguna, Brasil
Resumo
Este trabalho objetiva averiguar o status da preservação do patrimônio imóvel referente à cultura negra, partícipe da história de Laguna (território luso, lócus do Tratado de Tordesilhas e terceira cidade mais antiga do Estado de Santa Catarina, no Brasil). Considera-se a hipótese de que o discurso histórico positivo de enaltecimento do branco, português cristão, fundamentou as ações preservacionistas no município lagunense, ignorando e desprezando os demais povos: a hegemonia do legado de descendência portuguesa cristã leva à invisibilização dos legados sobretudo indígena e negro. Questiona-se: o que configura o patrimônio imóvel dos negros na Laguna? A resposta a tal questão recorre à pesquisa histórica, incluindo a análise bibliográfica e iconográfica, e ao levantamento de dados in loco. Entre as principais conclusões preliminares, constata-se que, a despeito das sobrevivências dos espaços de presença negra no Centro legalmente protegido, estas não são deveras reconhecidas e valorizadas - em geral, não são legalmente protegidas.
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